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RallySpirit: 10 anos de paixão

A edição comemorativa juntou máquinas lendárias, figuras históricas como Timo Salonen, milhares de fãs e momentos carregados de emoção.
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18 de jun. de 2025

Texto: organização 
Fotos: Rui Reis

Quando, há 10 anos, o nome “RallySpirit” surgiu no panorama do automobilismo nacional parecia ser apenas mais um rali. Mas, logo no primeiro ano, e com uma pequena lista de 50 equipas à partida, o carácter distintivo saltou à vista. Não era apenas uma prova onde carros lendários do passado e do presente conviviam. Tudo o que se respirava naquele ambiente era diferente, sobretudo, o a ligação emocional que se estabelecia entre máquinas e pessoas. Sem restrições ao contacto com pilotos e máquinas, o público podia agora viver e sentir a história dos ralis. 

Dez edições depois, muito coisa mudou, mas não o espírito do RallySpirit. Depois de Miki Biasion (2016), Ari Vatanen (2017) e François Delecour (2018), este ano foi a vez de Timo Salolen comprovar a “chama” do evento. 

Na pele de embaixador, o Campeão do Mundo de Ralis de 1985 fez um bom resumo daquele que já é um dos mais populares Rally-Legends europeus e que, por isso, tem honras de pertencer ao Slowly Sideways Europe: “Há 40 anos, todos os pilotos das equipas oficiais estavam sob grande pressão porque todos queriam vencer e essa tensão parecia passar até para o público. Mas hoje, no RallySpirit o que senti foi algo totalmente diferente. Pilotos e espectadores estão muito relaxados e isso dá a este evento uma atmosfera muito especial. Aqui, o passado está em perfeita harmonia com presente e isso fez-me sentir muito bem, como penso que faz sentir qualquer pessoa que venha ver este rali”.

E a avaliar pelas milhares de pessoas que acompanharam o evento na estrada, Timo Salonen está certo. Foram três dias repletos de emoções, transformados em momentos únicos e memórias que ficarão para sempre gravadas não só nos troços, mas no coração de quem viveu este rali como algo que vai muito além da competição. 

A enchente da Cerimónia de Partida do Porto (quinta-feira), as belíssimas especiais de Terras do Bouro que cativaram todos os pilotos (sexta-feira) ou a espetacular classificativa-espetáculo em jeito de perseguição de Boucles de Barcelos (sábado) são apenas alguns dos momentos que se tornaram inesquecíveis e que, simultaneamente, aumentaram a adrenalina do público.

Afinal não é todos os dias que se vê em acção as melhores máquinas de ralis de todos os tempos: Lancia Delta S4, Rally 037 ou Stratos, Audi Quattro S1 E2, MG Metro 6R4, R5 Turbo e Maxi Turbo, Subaru Impreza 555, Mitsubishi Lancer Evo ou Ford Sierra Cosworth, entre carros ex-fábrica e que foram realmente pilotados pelos pilotos da época ou réplicas exemplares hoje conduzidas por “gentleman drivers”, a magia esteve presente em cada momento do RallySpirit. 

Para Pedro Ortigão, um dos responsáveis da XRacing, a edição comemorativa dos dez anos do evento, correu de forma positiva, tal como a caminhada de dez anos cumprida pelo RallySpirit: “O balanço de uma década é muito satisfatório. Evoluimos paulatinamente e de forma sustentada, e este ano tivemos o maior contingente de pilotos internacionais de sempre. Isso prova que o rali está a ganhar nome além-fronteiras e é com essa força que queremos agora trazer mais e melhores carros. Depois de termos conseguido pôr no mapa do RallySpirit os saudosos Grupo B, o próximo objectivo passa por fazer o mesmo com os WRC e S1600, que sabemos serem também muito apreciados”

Competição para os mais puristas

Mesmo se o principal foco do RallySpirit não é a luta contra o cronómetro, isso não significa que ela não tenha servido também de tónico para aumentar as pulsações dos pilotos que não resistiram ao desafio da competição no seu estado mais puro. 

Depois de cumpridas as 13 Provas Especiais delineadas pelo Clube Automóvel de Santo Tirso (responsável organizativo da prova), três equipas puderam abrir o champanhe da vitória. 

Na Categoria “Históricos”, Rui Ribeiro/Pedro Fernandes foram, desde cedo, os maiores protagonistas, impondo a lei do seu Ford Escort RS MK II, terminando com uma clara vantagem de sobre Pedro Silva/Joaquim Duarte, em carro idêntico, enquanto António Carvalho/José Bilhoto BMW 2002 Ti) completaram o pódio. 

Igualmente em destaque esteve a dupla Rui Salgado/Luís Godinho, que repetiu o triunfo de 2019, mas agora na Categoria “Spirit”. O piloto do Peugeot 306 GTI terminou com margem confortável sobre a dupla João Arantes/Bernardo Gusmão, que levou o Ford Sierra RS Cosworth 4x4, ex-equipa oficial Diabolique, ao lugar intermédio do pódio apesar de terem lidado com diversos problemas mecânicos ao longo do rali. Após desistir no primeiro dia de prova, Rui Madeira (Campeão do Mundo de Grupo N em 1995), acompanhado por Paula Madeira, ainda logrou atingir o pódio. 

Finalmente, na Categoria “Extra”, Vítor Pascoal/Ricardo Faria (Porsche 911) levaram a melhor sobre os também experimentados Fernando Peres/Carlos Magalhães (Mitsubishi Lancer Evo IX), num emocionante duelo entre pilotos Fuchs. 

Cai o pano sobre a décima edição do RallySpirit, mas a próxima edição já tem data marcada. De 4 a 6 de junho, a magia dos ralis históricos regressa ao nosso país.

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