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Fiat 128, a revolução discreta.

O Fiat 128 mudou para sempre a indústria automóvel graças ao layout mecânico inovador, que ainda hoje é a norma entre os modelos de tracção.
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25 de jun. de 2025

São vários os modelos Fiat a gozar de imensa popularidade entre os amantes dos clássicos: 500, 600, 850 e 127 são sempre os mais desejados o que, em certa parte, é uma grande injustiça. 

O 128 foi talvez muito mais importante na história da Fiat pela inovação tecnológica e pelas reais qualidades. Enquanto clássico é menos popular por não ser tão “fofinho” como outros pequenos Fiat. Como dizia a publicidade da época, “O Fiat 128 é mais carro” e a prova disso mesmo foi a conquista do troféu de Carro do Ano Europeu em 1970. 

Apesar das linhas não quebrarem com o estilo dos mais velhos 124 e 125, este novo “caixote” era muito mais inovador do que parecia. Para além do motor montado em posição transversal e da transmissão dianteira o Fiat inovava no layout mecânica ao montar motor e caixa lado a lado, usando uma solução já comprovada no Autobianchi Primula. 

Para que tal fosse possível, foi preciso usar semi-eixos de diferentes comprimentos, e aprimorar a técnica de modo a que isso não afectasse negativamente o comportamento e a qualidade da direcção. A Fiat não só conseguiu resolver o problema, como criou um automóvel que passaria a ser a referência do segmento em termos dinâmicos.

Esta ideia, saída da mente brilhante de Dante Giacosa, viria a ser adoptada por toda a indústria mundial, melhorando a habitabilidade e a funcionalidade de todos os modelos de transmissão às rodas dianteiras.

A suspensão independente era ajudada por um eficaz sistema de travagem e uma direção precisa.  Não é por isso de espantar que tenha tido uma carreira de sucesso nas pistas e nos ralis. Nos aspectos funcionais o pequeno sedan tinha trunfos como um interior amplo, uma bagageira espaçosa e bancos confortáveis e robustos numa combinação de tecido e napa.

O motor, desenvolvido por Aurelio Lampredi, tinha, na versão base, uma capacidade de 1116cc e árvore de cames à cabeça, sendo económico mas bastante desenvolto. 

 

Derivações e a escolha ponderada

Naturalmente, o 128 cedo recebeu uma versão “vitaminada”, o Rally de 1290cc e 67cv. Hoje este é um modelo relativamente raro e bem valorizado. Simultaneamente, surgiu o 128 Sport Coupé, com base numa versão encurtada da plataforma do sedan. Igualmente encarecido pela sua maior raridade, é menos versátil, e a curta distância entre eixos torna-o demasiado “marreco” para ser classificado de elegante.

Na versão "normal", distingue-se três gerações: até 72 com grelha metálica, até 76 com grelha em plástico preto e daí em diante com inestéticas ópticas quadradas e farolins traseiros de grandes dimensões.

Não tendo havido evoluções técnicas relevantes, a escolha certa estará numa das duas primeiras gerações, mais elegantes e emblemáticas. Dentro desta há que decidir entre duas e quatro portas ou mesmo as três da simpática Familiare, uma pequena "break" que faz as vezes de um "hatchback", enquanto não nascia a versão de três portas da outra derivação, o Fiat 127.

Assim, a escolha mais razoável para quem quer um bom clássico italiano, subvalorizado mas muito competente, fiável e historicamente relevante, pode mesmo ser um 128 de duas portas na versão base. 

O exemplar anunciado

Não conhecemos o exemplar anunciado, pelo que nada podemos avançar acerca da sua condição, mas uma coisa é certa: é raro encontrar-se um 128 que se apresente com um aspecto razoavelmente original e tão apelativo. 

Os desvios à originalidade são os toques desportivos conferidos pela grelha, pelas belas jantes Cromodora e pelo volante de três braços. No fundo, o tipo de alterações que eram comuns na época e que sublinham a personalidade desta carroçaria.

Tem, sem dúvida, o potencial para ser um bom primeiro clássico.

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