XR3, a converter os cépticos da tracção

Foi em Setembro de 1980 que a Ford apresentou um novo Escort. A relação com as versões anteriores não podia ser menor e a opção pelo mesmo nome só se justificava por questões de marketing, já que o Escort gozava de uma reputação invejável enquanto automóvel familiar: robusto, bonito, agradável de conduzir. No entanto e, embora as versões desportivas representassem uma fatia muito pequena do mercado, os sucessos nas pistas e ralis eram uma parte importante da credibilidade do modelo. Foi uma dinastia construída com base em modelos universalmente aclamados: 1300 GT HC, 1600 Twin Cam, RS1600, México, RS2000 e RS1800. 

O MkIII era um automóvel ajustado ao seu tempo. A norma era agora o motor em posição transversal e tracção e, dentro do género, o Escort pouco tinha de revolucionário. A seu favor tinha a suspensão traseira independente, solução que alguns concorrentes evitavam, pelo custo que implicava. Outro ponto forte era a aerodinâmica, com um coeficiente de penetração referencial para o segmento de 0,37.

A estética era, no entanto, um ponto forte do modelo e, por isso, manteve-se inalterada na evolução seguinte, o XR3i, desenvolvido pela Special Vehicles Engineering Group, em Inglaterra. Com injecção Bosch K-Jetronic, o Escort oferecia agora uma potência mais respeitável, de 105cv, um binário de 137Nm às 4800rpm e uma suspensão mais evoluída. 

As estruturas McPherson dianteiras receberam alterações na geometria de modo a evitar o camber negativo e, as molas progressivas usadas na traseira, deram lugar a molas convencionais, conjugadas com amortecedores Girling, em substituição dos Bilstein. Os discos traseiros também passaram a ser maiores do que no XR3.

Apesar dessa evolução, o trunfo do Escort nunca foi a potência, mas antes a agilidade, combinada com uma carroçaria atraente e muito prática, com boa habitabilidade e conforto. 

Enquanto clássico, é uma proposta muito atraente, na medida em que é uma alternativa válida a modelos como o Golf GTI MkI, mas a uma fracção do preço.

Este exemplar
O Escort XR3 aqui anunciado é de 1985, já da versão com caixa de cinco velocidades e, além de apresentar uma boa condição geral, está devidamente apetrechado para enfrentar desafios como provas de regularidade.

Mantém o essencial da aparência original, como bancos, volante e as singulares jantes, mas conta com alguns upgrades perfeitamente reversíveis, feitos a pensar no comportamento dinâmico e na performance.

É cada vez mais raro encontrar um XR3 MkIII completo e, segundo o anunciante, com boa saúde mecânica. Parece-nos uma boa oportunidade de adquirir um clássico desportivo, carismático e divertido, sem que o preço lhe traga peso de consciência...

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