32ª Automobilia de Aveiro
Fotos: Rui Queirós (tigerspeedd.blogspot.com)
Pode a realidade superar a expectativa? A resposta é simples: pode, como pode o leitor comprovar nestas curtas linhas, mas capazes de o transportar para um fim de semana divertido e envolvente.
Ao fim de 32 anos existem, ainda, aspectos que fazem a diferença. A equipa do Clube Aveirense de Automóveis Antigos (CAAA) é praticamente a mesma desde a primeira edição e toda esta empreitada é possível graças à enorme paixão dos seus membros pela automobilia, pelos automóveis e pelas motos e pelo trabalho do grupo de aficionados e voluntários que tornam este evento em algo fantástico e com futuro.
Inovar desde 1992 é algo complexo, mas diria que a Organização está, uma vez mais, de parabéns. Quem vai à Automobilia de Aveiro pela primeira vez não tem bem a noção do que irá encontrar, mas a julgar pela entrada e pelos automóveis que compunham a exposição da “Mobilidade de há 100 anos”, com modelos dos anos 30, com particular destaque para o bem cuidado veículo de assistência do CAAA, tinha ali um excelente postal de boas-vindas. Nota para alguns modelos menos comuns e luxuosos como o Marion 37A, o Packard 426 Torpedo ou o Studebaker President.
O que viria a seguir? “O início das mopeds”, uma exposição composta por bicicletas com motor auxiliar, impecavelmente conservadas. Estes veículos que representaram um papel fundamental na democratização da mobilidade estavam em lugar de destaque, com ligação directa para “As salvadoras ambulâncias”, onde se podia observar excelentes exemplares daquelas viaturas que corriam rumo ao perigo, quando todas as outras fugiam. Noutros tempos, claro.
Para continuar a alimentar os olhos, tínhamos à nossa frente os “70 anos do DS, a Rainha das Estradas”, onde podíamos ver desde o mais modesto, mas revolucionário ID 19, até aos raros Chapron Décapotable e Majesty, passando pelas Familiale ou Safari. Uma maravilha e uma oportunidade quase única de ver ao vivo tais modelos emblemáticos e em tão belo estado de conservação.
No exterior, um ambiente agradável, com temperatura amena, sol e muito convívio, transportava-nos para anos dourados do mundo automóvel e ao mesmo tempo das vicissitudes da mobilidade, muitas vezes feita a bordo de autocarros que ainda habitam na nossa memória, nos quais foi possível passear pelas ruas de Aveiro, graças à colaboração com o Clube de Viação Clássica.
Os VW arrefecidos a ar também não faltaram no exterior, graças à presença dos “70 anos da Pão de Forma”, com vários exemplares do mítico furgão e de vários Carochas, invejavelmente cuidados.
O ambiente de feira ao ar livre, com diversos expositores portugueses e estrangeiros, transmitia sensações quase esquecidas nos dias de hoje, mas o melhor ainda estava por vir.
Dentro do parque de exposições estava o ex-libris da Automobilia de Aveiro: o generoso espaço ocupado pelos vendedores de peças, placas e néon vintage, miniaturas de automóveis, vestuário que só os “petrolheads” apreciam e tantas outras coisas que nos transportam para uma outra dimensão, onde praticamente saímos do nosso corpo adulto e regressamos quase à infância ao relembrar livros, fotos, catálogos e brinquedos.
O barulho da conversa animada, o regatear de alguns euros para poder adquirir mais qualquer coisa na banca ao lado e a possibilidade de encontrar uma ou outra cara conhecida, transformam este simples evento numa viagem no tempo.
Tudo isto, no meio dos stands dos comerciantes que ainda conseguem surpreender-nos com a qualidade das máquinas expostas. Marcaram presença nomes importantes como Pep’s Gang, João Claro, José Barquinha, Trocas-Departamento Clássico ou Jorcar, ao lado de clubes, como o Clube Português de Automóveis Antigos (CPAA), Museu do Caramulo, entre outras prestigiadas entidades que permitem manter viva a chama dos amantes de automóveis e de automobilia.
Será que o CAAA ainda consegue surpreender na 33ª edição da Automobilia de Aveiro? Temos a certeza que sim e já estamos em contagem decrescente para 2026.