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A despedida de Jochen Mass (1946-2025)

Os números não são suficientes para expressar a sua importância no automobilismo. Fica também um vazio no mundo dos eventos históricos.
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5 de mai. de 2025

Foto: Retro Event Magazin

Foi a 30 de Setembro de 1946 que nasceu Jochen Richard Mass, mas só no final dos anos 60, é que o automobilismo entrou na sua vida. Os seus primeiros anos de actividade profissional foram no papel de marinheiro da marinha mercante.

Em 1968, Mass começou a participar em provas de automóveis de turismo nos circuitos alemães e deu nas vistas aos comandos de um Alfa Romeo Giulia GTA. A consistência e rapidez do então piloto amador, motivaram o interesse da equipa oficial da Ford Alemanha, que lhe ofereceu uma oportunidade que seria decisiva. 

Ao volante dos Capri RS e Escort RS, alcançaria resultados notáveis, sobretudo nas provas de longa distância, fazendo equipa com John Fitzpatrick, Dieter Glemser, Alex Soler-Roig, Gérard Larrousse, Hans-Joachim Stuck, Jody Scheckter, Jackie Stewart, Niki Lauda, entre outros.

Os seus resultados rapidamente o promoveram à Fórmula 2, numa curta passagem em que alcançou vários pódios, em lutas directas com nomes como Lauda, François Cevert, Ronnie Peterson, Emerson Fittipaldi, entre outros. Em 1973 John Surtees detectou o potencial e levou-o para a sua equipa, na categoria rainha. 

No entanto, a passagem pela Surtees seria fugaz, pois fecharia contrato com a McLaren, onde se manteria desde 1974 a 1976, tendo como ponto alto a vitória no Grande Prémio de Espanha, disputado em Montjuich. 

Tendo como companheiros de equipa “gigantes” como Fittipaldi e James Hunt, Mass ficou sempre na sombra, pelo que acabaria por rumar à ATS e depois à Arrows, equipas que não permitiam grandes ambições. Nas épocas de 1980 e 1981, regressaria ainda à McLaren, mas sem resultados de relevo. 

A derradeira temporada aconteceu com a March em 1982, e foi marcante pelas piores razões. Embora tenha sido um puro incidente de corrida, Mass viu-se envolvido no acidente que vitimou Gilles Villeneuve, e assumiu ser perseguido por um sentimento de culpa durante muito tempo. Dois meses depois, ele próprio teria um grave acidente numa colisão com Mauro Baldi, o que seria determinante para dar por terminada a sua carreira nos monolugares.

No mesmo ano, firmou contrato com a Porsche, e seria uma peça-chave no desenvolvimento dos protótipos 956 e 962. Com estes emblemáticos modelos conquistou imensos resultados de relevo, com destaque para o segundo lugar nas 24H de Le Mans de 1982, a vitória nos 1000km de Mugello de 1981 e ainda a vitória nas 12H de Sebring em 1987, em equipa com Bobby Rahal. Anteriormente, venceu algumas provas com os Porsche 935 e 936 oficiais

Seguir-se-ia o percurso dourado com a Mercedes-Benz. Na procura de um retorno ao patamar mais alto das provas de longa distância, a marca alemã associou-se à equipa Sauber para o desenvolvimento de um modelo que permitisse chegar ao topo da competição, o que acabaria por acontecer, tendo Mass sido fundamental nesse caminho. 

Em 1989, o Sauber C9 permitiu alcançar o título de construtores no mundial de Sport-Protótipos e a equipa constituída por Jochen Mass, Manuel Reuter e Stanley Dickens conquistou um histórico triunfo à geral nas 24H de Le Mans, algo que a Mercedes-Benz tinha conseguido pela última vez em 1952. 

Durante este período, Mass foi também um fundamental mentor das carreiras dos mais jovens pilotos da Sauber, Karl Wendlinger, Heinz-Harald Frentzen e Michael Schumacher.

Depois de se retirar, Jochen Mass manteve o vínculo com a Mercedes-Benz, sendo presença habitual nos maiores eventos históricos do mundo, nomeadamente em Goodwood, aos comandos dos imensos modelos de competição do museu da marca.

Jochen Mass morreu ontem em Cannes, vítima de complicações decorrentes de um enfarte que ocorreu em Fevereiro. Figura simpática e muito apreciada pelos seus pares, deixa um grande vazio no mundo automóvel, mas também um brilhante legado.